A crise dos 20.
Já faz uns meses que esta sentinela me buzina a consciência; ultimamente é um alarme constante, sobrecarrega-me os sentidos, abate-me o raciocínio e desgasta. É estar no meio da multidão e não saber onde se vai estar daqui a um ou dois anos, mas sentir um pânico enorme por nem saber onde se está nesse momento; uma batalha incessante entre o perdido e o achado. A sensação de que tudo já devia estar encaminhado, no entanto saber que isso é uma situação irreal. Deparo-me com pensamentos antagónicos, como "Dedica-te ao que te realiza \ Dedica-te primeiro ao que é suposto". A intuição diz-me que estou perante uma altura altamente crucial para o delineamento da minha persona. Julgava eu que este problema se ia debruçar principalmente a quando escolhia o curso que frequento na universidade, julgava eu que era isso que ia definir o meu caminho daí para a frente (subitamente, um riso sarcástico ecoa). Agora pareço presa, não posso andar para trás e não consigo andar para a frente. Sinto-me limitada, sou uma página em branco e a caneta nas minhas mãos já não tem tinta. Respiro fundo, uma, duas, três vezes, todas as vezes necessárias até que as minhas incertezas e inseguranças deixem o frenesim de lado e se sentem sossegadas, como alunos a entrar nas salas de aula; e aí permito-me, mesmo que debilmente, raciocinar:
"Está tudo bem. Vamos com calma mas sem estagnar. É perfeitamente normal não saber o que se passa...". O processo de evolução é tortuoso, mas é preciso sentir medo para reagir. É bom bater no fundo, porque daí só existem duas opções, ou ficas ou sobes. São precisos, por vezes, uns saltinhos de fé e coragem alienada, precedidos de uma arfada de ar bem dada, mas não está nada perdido. É a partir dos 20 que nos tornamos naquilo que realmente somos. É esta a década que vale a pena viver ao máximo. Dizem que a partir dos 20 somos demasiado novos para nos levarem a sério e demasiado velhos para não ter responsabilidades e repercussões. As ditas crianças-adultas modernas. Pois eu acho que esta época não deveria ser tão banalizada assim. Esta década não é a década em branco, antes da altura em que tudo irá ser "a sério", a altura dos 30. O "a sério" dos 30 deve ser treinado nos 20, com aquele investimento no capital de identidade. Eu não quero morrer aos 25 e ser enterrada aos 75. Quando nada é certeza, tudo é possível. E basta de comparações. A jornada de cada um é única, não importa se os objetivos dos outros são iguais aos meus, se eles já os conquistaram e eu ainda estou aqui meia abananada. Eu chego lá. E se não chegar, chego a outro sítio. Não me importa. O que eu quero é ser feliz. Como? Não sei, um dia de cada vez, eu vou aprendendo. Mas esta é a altura. Ao contrário do que eu pensava, não é a escolha do curso que te direciona. É a escolha de como vais viver a tua vida que importa e, mais ainda, a forma como lá chegas.
Não tenhas medo. Vai ficar tudo pior antes de ficar bem. Cada falhanço que tiveres não vai ser um STOP, apenas vai ser uma tabuleta a dizer "não é por aí!"... Mas vais andar sempre para a frente. E no fim, vais adorar cada passo que deste.
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