Cabecinhas com fome, devoram-se.
Eu devia estar a estudar. Eu devia estar a investir naquilo que teoricamente é meu: o futuro. Mas será tão meu assim?
Neste momento já não sinto nada meu. Minhas mãos já mexem por vontade própria, não as consigo conter e a coordenação falha-me. Os meus olhos adoram andar irrequietos, porque assim não páram e não se enxaguam de lágrimas sempre prontas a romper nos cantos. A minha voz, já não faz tanto; é preguiçosa e sonolenta o tempo todo. Ah... Mas a minha cabeça. Essa, sim, já não a sinto como minha. Parece aquela pessoa que conheces de infância, mas que agora devido às circunstâncias já não sabes se a conheces assim tão bem. E o sentimento é constrangedor. O melhor é não tocar no assunto. O que não é dito, é mantido na cabeça e se é mantido na cabeça, não é real, não é verdade? Porque dito... Torna-se real. E torna-se algo quase que palpável. E o verdadeiro problema, é que não se torna palpável apenas por ti... É manipulável, interpretado pelos demais à sua maneira. E eu não julgo porque compreendo. É o ser humano na sua forma mais natural. Eu, sendo menina das supostas ciências, deveria ser crítica como eles, às situações que me rodeiam. Mas não sou. Sou crítica intrínseca; autora da minha própria tragédia; realizadora de todos os meus pesadelos. Aliás... eu, não. A minha cabeça. Porque isto não sou eu. Sempre me conheci de coração forte, como alguém capaz de derrubar montanhas, como alguém que não pára no primeiro tropeço, alguém que vai em frente, não porque tem que ser mas sim porque quer e pode! Sempre fui... realmente, alguém. Mas eu e o que eu sinto, não importa porque a minha cabeça diz que eu não importo, que sentir é sobrevalorizado e eu não valho tanto esforço de compreensão. O facto de acordar com olhos inchados, nas manhãs em que não passei a noite em branco, é apenas cansaço e porque não sei gerir o meu tempo. O peso no peito, é cansaço. Não querer sair da cama, é preguiça. Não querer lidar com ninguém, é feitio. Chorar do nada, devo estar quase naquela altura do mês. Falta de concentração, é voluntária. Apatia, dormi mal. Não falar, não tenho nada para dizer. Ataques de ansiedade, parece que é a nova moda dos jovens. Falta de respiração, é só a asma a dar de si. Reações agressivas e falta de paciência, olha eu, devo ter um bocado a mania. O nózinho da minha garganta trata-se, como a minha cabeça diz: ocupa-te com outra coisa... Olha, vai estudar, não penses nisso.
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