Permissão
Deixa que te diga só isto antes de me arruinares a cabeça por completo, com arritmias cardíacas causadas só pela tua imagem; antes que me perca na paisagem dos teus olhos e me leves além, qual prisioneira arrastada por correntes da tua voz.
Admiro muito a tua ousadia. És ousado, sim, não tens medo algum da lâmina da guilhotina que te mira e já te sente o calor. Tu sabes que ela te mira. Tu sabes o quanto ela anseia atravessar-te e deixar-te a escorrer, só para entretém do povo. Mas não és nenhum Robin dos Bosques, não és nenhum Super Homem. Não és nenhum revolucionário, os heróis dos tempos modernos. Não és herói nenhum sequer. Não por seres vilão, mas porque não te permites. Entristece-me ver que reprimes aquilo que sentes, seja por convenção ou por falta de querer sentir. E é essa falta de querer sentir que me enerva em ti. Preferes ser pedra a ser flor, preferes ser ausência do que presença, preferes ser vacilante a ser firme, preferes uma mão para apertar, uma boca para beijar, uma cintura para agarrar do que um ombro para encostar, um colo para te deitar ou um abraço para te aceitar. Talvez isso não te faça falta porque tu encantas e trocas como quem troca de lençóis a cada duas semanas. Correu-te mal quando me encontraste, não foi? Talvez te tenhas sentido demasiado exposto; largaste tudo como se nunca tivesses estado aqui. Então, porque olhas para trás enquanto te afastas? Eu não vou ficar aqui, como se o chão me tivesse desabado quando quiseste desertar, porque ele nunca deixou de estar aqui; bem aqui, debaixo dos meus pés. Alteras-me o raciocínio mas se não vejo é porque não quero; é porque eu permito-me.
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